E se a sua conexão fosse através da rede elétrica? Apesar de soar estranho para muita gente, a tecnologia já existe, é empregada em mais de 40 países e vem sendo explorada comercialmente em pelo menos 20 deles.
No Brasil, o sistema está em fase de testes. No final de 2008, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) finalizou consulta pública que vai servir de base para a elaboração do padrão brasileiro de internet por rede elétrica.
“É uma possibilidade adicional ao que já existe hoje. A sua vantagem está na área de cobertura, já que a rede elétrica atinge cerca de 98% do país”, avalia o gerente de Engenharia do Espectro da Anatel, Marcos de Souza Oliveira.
Para saber mais sobre esse tipo de tecnologia e o que tem sido feito no Brasil, confira a entrevista com o gerente de Tecnologia de Infra-estrutura de Redes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Rogério Botteon Romano.
O centro é um dos pioneiros no país em estudos e aplicações da tecnologia Power Line Communications (PLC) para conexão à internet. E atualmente está à frente de dois estudos de aplicação em residências.
Que projetos o CPqD vem desenvolvendo para o fornecimento de internet por rede elétrica?
Temos atuado em parceria com a Eletropaulo Telecom, em São Paulo, e com a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), no Paraná. A primeiro tem atendido entre 250 e 300 prédios na Grande São Paulo e a segunda, em fase de implantação dos testes para cerca de 300 usuários.
Como está o avanço desses estudos?
Além da análise do funcionamento, também temos planos para melhoria da performance e a realização de testes de laboratório com os fabricantes de equipamentos para conexão via PLC.
Como é a performance desse tipo de conexão?
Na primeira geração, que funcionou por volta de 2001 a 2005, a velocidade não era tão alta e a freqüência não superava os 30MHz. Mas com a tecnologia recente, a performance está muito melhor, mais estável e podemos atingir velocidades de até 100 Mbps.
Essa velocidade é maior do que a encontrada nas outras formas de conexão à internet?
Não existe maior ou menor velocidade que outras tecnologias. Depende, na verdade, da rede implantada. A nossa rede elétrica não foi projetada para esse fim, então, é necessário que sejam feitas implementações para que isso seja possível, com estabilidade. Mas a tecnologia está evoluindo.
E o risco de interferência de equipamentos elétricos?
Isso está mais estabilizado com a nova geração. Os atuais equipamentos já filtram as freqüências, procurando eliminar as interferências. A tendência é evoluir bastante esse quadro.
Podemos esperar para breve a comercialização desse tipo de conexão?
Antes do final deste ano, dificilmente veremos grandes investimentos nessa área. É assunto para mais um ano de discussão. Há muitas empresas grandes nesse cenário, além das concessionárias de energia, que têm interesse em entrar nesse tipo de negócio.
Fonte: Gazeta On Line
Roney Médice
Analista de Sistemas e Bacharel em Direito