Brasília
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou ontem as regras para o uso da tecnologia conhecida como “Power Line Communications” (PLC) no país – sistema que utiliza a rede de energia elétrica como meio de transporte de sinais de internet, vídeo e voz.
Na prática, o sistema permitirá, assim que implementado, o acesso à internet, ou à TV por assinatura, por meio da rede elétrica – já presente na maior parte das residências do Brasil. “Assim, um ponto de energia pode ser uma tomada para ligar o eletrodoméstico e, simultaneamente, um ponto de rede de dados para a provedora de internet ou TV por assinatura”, explicou a Aneel, em nota.
Segundo a Agência, os consumidores de telecomunicações serão beneficiados, uma vez que o uso de redes existentes “evita custos com implantação de novas infraestruturas ou necessita de poucos investimentos”.
Outro benefício, informou a Aneel, é a utilização da rede elétrica para a inclusão digital, pois a penetração do serviço de energia elétrica é maior que o de telecomunicação.
O serviço não estará disponível, porém, de imediato. O início das operações em cada região depende das distribuidoras. Segundo as regras do setor elétrico, as concessionárias só podem prestar serviços de distribuição de energia. Desse modo, não podem operar diretamente os serviços de internet. Se optarem por entrar no negócio, terão de criar uma subsidiária com esta finalidade, informou a Agência Nacional de Energia Elétrica.
De acordo com a Aneel, a medida representará redução de custos aos consumidores, pois estes poderão contar com a “apropriação” de parte dos “lucros adicionais” obtidos por meio da cessão das instalações de distribuição, em benefício do estabelecimento de tarifas mais baixas.
Custo
Os preços e velocidade desse serviço ainda não estão definidos. Testes já realizados no país mostram que a conexão pode chegar a 21 megabits por segundo (Mbps), mas essa velocidade não será, necessariamente, repassada em sua totalidade para os consumidores.
Para adotar essa alternativa, os futuros usuários não precisarão fazer substituições no sistema elétrico – a não ser que ele já esteja bastante deteriorado. O único investimento extra necessário para esse internauta é o modem BPL (com visual parecido ao de uma fonte para carregar bateria de notebooks), que leva a conexão da tomada até o PC.
Entenda o que muda com o novo sistema
Estrutura existente. A principal vantagem dessa tecnologia, que fornecerá acesso à web pela tomada, é o fato de ela aproveitar uma estrutura já existente para chegar a regiões onde outras alternativas de acesso rápido ainda não estão disponíveis.
Tecnologia. Para ser oferecida comercialmente, a internet via rede elétrica (também chamada de BPL, sigla em inglês para broadband over power lines) ainda depende de um acordo entre as empresas de telecomunicações e as concessionárias de energia elétrica. Marcos de Souza Oliveira, gerente de engenharia do espectro da Anatel, acredita que essa tecnologia pode chegar oficialmente ao mercado no segundo semestre de 2009.
Vantagens. A tecnologia é particularmente vantajosa por dispensar a criação de uma estrutura considerada cara – como a de cabeamento – em regiões do país onde a internet rápida ainda não chega. No caso da BPL, a transmissão de dados é feita por meio da estrutura já existente de distribuição de energia elétrica.
Envio. Os dados podem ser enviados diretamente do provedor de acesso para a rede elétrica até chegar aos usuários. Também é possível mesclar a forma de transmissão onde já existem outras estruturas: a conexão pode ser feita via cabo a partir do provedor até a região de um prédio. Se o edifício não tiver cabeamento, por exemplo, a conexão pode continuar sendo feita via rede elétrica até os apartamentos.
Faturas. Para os usuários dessa alternativa, a conta de luz continuará separada daquela referente à web. Trata-se da mesma estrutura, mas usada para fins diferentes. Em vez de transmitir somente luz, a fiação elétrica também passará a fornecer acesso à internet. Segundo ele, cada tipo transmissão será feita através de frequências diferentes e, por isso, um serviço não vai interferir no outro.
Fonte: A Gazeta (http://gazetaonline.globo.com/index.php?id=/local/a_gazeta/materia.php&cd_matia=526596)